PORÃO DO HORROR: FERNANDO RICK - DIRETOR

 Fernando Rick criou a Black Vomit Filmes em 2000 e de lá pra cá, a tendência de aterrorizar não teve fim. Além de ser diretor geral da produtora, Rick também trabalha em emissoras de TV e faz alguns freelances em produtoras de cinema e video. É o responsável pela criação de João do Feto Morto, um personagem (obscenamente inspirado nos filmes da Troma) que tem um feto morto grudado na cabeça pois seu pai havia trepado com a irmã, gerando filhos deformadas. Isso e mais um monte de absurdos que incrementam o filme Feto Morto (2003), um dos primeiros lançamentos independente brasileiro em DVD. Curiosamente, quase uma década depois, a Black Vomit trazia Lloyd Kalfman para o Brasil em sua Master Class: TROMA.

Mas os principais trabalhos de fernando Rick e da Black Vomit são as pérolas 3 Cortes, Guidable, Ivan e Desagradável. Em Coleção de Humanos Mortos (um dos episódios da trilogia de 3 Cortes) Rick apresentou um curta extremamente visceral, misturado com alguns fatos de assassinos seriais e um leve toque de sobrenatural/paranóia. O curta também é conhecido por traumatizar alguns espectadores com a famosa "cena do estupro"...

Guidable: A Verdadeira História do Ratos de Porão nos leva para dentro do mundo da banda punk/hardcore Ratos de Porão. O documentário mostra como era o dia-a-dia da banda mais pôrralouca do Brasil, além de relatos, fotos e shows exclusivos. Em Ivan, Fernando Rick criou uma fantasia icônica/suburbana onde figuravam Cristos alcoólatras, sósias de Michael Jackson, travestis e um demônio aleijado. Na minha opinião um dos seus melhores trabalhos...

Seu último trabalho é o DVD que documenta a história e trajetória de outro grande dinossauro da cena hardcore do nosso país: o Gangrena Gasosa. Desagradável tem co-produção da Locomotiva Filmes e virá com dois CD's. No primeiro DVD você será amaldiçoado pelo o show gravado no bar Inferno que teve efeitos especiais de André Kapel Furman, que já fez o mesmo no mais recente filme do Zé do Caixão A Encarnação do Demônio; e no outro um documentário contendo os depoimentos do Gangrena Gasosa e de mais de 15 ex-integrantes da banda. Entre os outros encostos que baixaram no documentário estão o vocalista Jello Biafra (Alternative Tentacles, Dead Kennedys), João Gordo e Jão (Ratos de Porão), Dado Villa Lobos (Legião Urbana), BNegão (Seletores de Frequência, Funk Fuckers) e Marcelo D2 (Planet Hemp), Rafael Ramos e Larry Antha (Sex Noise) entre outros esquisitos.

FILMOGRAFIA

Feto Morto - 2003
3 Cortes - 2006 (participando com o curta "Coleção de Humanos Mortos")
Guidable - A Verdadeira História do Ratos de Porão - 2008
Ivan - 2011
Desagradável - 2013

PORÃO DO HORROR: PETTER BAIESTORF - DIRETOR

Videomaker precursor das produções independentes em vídeo brasileiro. Expoente do gore nacional com influência direta de diretores como John Waters, George Kuchar e José Mojica Marins. Na década de 90 do século passado, com colaboração de Coffin Souza e da Canibal Produções, criou a estética do “Kanibaru Sinema” (filmes produzidos em qualquer formato com orçamento zero). 

Nome: Petter Baiestorf
Local de Nascimento: Santa Catarina
 

Nascido em 1974, Petter Baiestorf cresceu na Vila Oldenburgo (Palmitos - SC), convivendo com agricultores e operários da indústria madereira e de cerâmica. Autodidata,ateu, anarquista, livre-pensador e dono de uma personalidade difícil, tornou-se poeta adolescente em 1988, publicandoseus poemas e anti-religiosos em fanzines como "Arghhh (1992), "Necrofilia (1992),"Clássicos canibal" (1994),"Pus Diet" (1994), "Brazilian Trash Cinema" (2000), "O Viajante Cósmico" (2003) e "Bebuns Bêbados Que Escrevem" (2003).

Fundou em 1991, com o amigo E. B. Toniolli, a Canibal Produções que, em 1996,virou Canibal-Mabuse Produções ao associar-se com Cesar (Coffin) Souza e, em 2000, se transformou na atual Canibal Filmes. No ano de 1997, com Carli Bortolanza, a Caos Filmes para realização de seus filmes mais pessoais e em 2001 idealizou em Palmitos - junto com Cesar Souza e Elio Copini - a N.A.V.E.(Núcleo Associado de Vídeo Experimental).

Petter Baiestorf também é um escritor surrealista. Publicou seus escritos em diversos livretos como "Defecando Urros" (1997), "Expurgando Líquidos Matinais" (1998), “Surreal” (2000) e “Um Treponema Pallidum Mutante Atrapalhando a Vida Amorosa de Um Xanthorrhoea Australis Apaixonado” (2002), tendo ainda ajudado (criativamente e financeiramente) na edição do jornal poético Salvador Daqui, editado por Elio Copini e Éder Meneghini em 2000.

Baiestorf também já tocou nas bandas “Cadaverous Cloacous Regurgitous” (gore noise, 1993) e “Smelling Little Girl’s Pussy” (industrial harsh, 1999). Como videomaker já participou de mais de 104 produções independentes nas mais variadas funções técnicas (diretor, roteirista, produtor, diretor de fotografia, editor, seleção musical, efeitos especiais, ator, consultor técnico, assistente de direção e produção, distribuidor etc), nos mais variados suportes (VHS, S-VHS, Super Oito, Digital, 16 mm, 35 mm) e formatos (clipes, curtas, médias, longas). Em 2002 escreveu o “Manifesto Canibal” e, junto com Cesar Souza, organizou os alicerces do Kanibaru Sinema. Em 2004 começou a editar seu livro de contos surrealistas “Amor, Sexo e Outras Bebidas Delirantes” e tornou-se também co-editor do Jornal Poético de Vanguarda “Urtiga” junto com Elio Copini.

A partir de 2004 começou a produzir trabalhos mais ousados e anti-políticos/religiosos como “A Curtição do Avacalho” (2006), “O Monstro Legume do Espaço 2” (2006), “Arrombada: Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (2007) e os já clássicos “Vadias do Sexo Sangrento” (2008), o musical brega/spaghetti “Ninguém Deve Morrer” (2009) e “O Doce Avanço da Faca” (2011). Neste período também trabalhou como ator em produções independentes como “Lua Perversa” (o curta de 2010 e a websérie de 2011, ambos dirigidos por André Bozzetto Jr.) e no longa capixaba “A Noite do Chupacabras”, de Rodrigo Aragão (Fábulas Negras Produções Artísticas, 2011) como o terrível Ivan Carvalho. Atualmente trabalhou no mais novo filme de Rodrigo Aragão (Mar Negro, que estréia em 2013) e (re)começou sua cruzada blasfêmica produzindo a continuação do filme “Zombio” que se chamará “Zombio 2: Chimarrão Zombies”.

FILMOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA

LONGA-METRAGENS:
Criaturas Hediondas (1993)
Criaturas Hediondas 2 (1994)
O Monstro Legume do Espaço (1995)
Eles Comem Sua Carne (1996)
Caquinha Superstar A Go-Go (1996)
Blerghhh!!! (1996)
Bondage (1996)
Super Chacrinha e Seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha (1997)
Gore Gore Gays (1998)
Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos (1998)
Bagaceiradas Mexicanas em Palmitos City (1998)
Raiva (2001)
Cerveja Atômica (2003)
A Curtição do Avacalho (2006)
O Monstro Legume do Espaço 2 (2006)

MÉDIA-METRAGENS:
Açougueiros (1994)
Chapado (1997)
Zombio (1999)
Não Há Encenação Hoje (2002)
Palhaço Triste (2005)
Vadias do Sexo Sangrento (2008)
Ninguém Deve Morrer (2009)
O Doce Avanço da Faca (2011)
Arrombada: Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!! (2007)

PRINCIPAIS CURTAS:
Detritos (1995)
2000 Anos Para Isso? (1996)
Ácido (1996)
Deus - O Matador de Sementinhas (1997)
A Despedida de Susana: Olhos & Bocas (1998)
Boi Bom (1998)
O Vinicultor Faz o Vinho & o Vinho Faz o Poeta (1998)
Aventuras do Dr. Cinema na Terra do VHS Vagabundo (1999)
Pornô (1999)
Filme Caseiro Número Um (2001)
Não Há Encenação Hoje (2002)
Demências do Putrefacto (2002)
Fragmentos de uma Vida (2002)
Primitivismo Kanibaru na Lama da Tecnologia Catódica (2003)
Frade Fraude Vs. O Olho da Razão (2003)
Ópio do Povo (2004)
Vai Tomar no Orifício Pomposo (2004)
Duelando Pelo Amor de Teresa (2004)
Ora Bolas, Vá Comer um Cu!!! (2004)
Que Buceta do Caralho, Pobre Só Se Fode!!! (2007)
Manifesto Canibal - O Filme (2007)
O Nobre Deputado Sanguessuga (2007)

COLETÂNEAS:
Festival Psicotrônico Vol. 1 (2000)
Minimalismo Surreal Vol. 1 (2002)
Vida Canibal – A Série (2003)
Kanibaru Shocking Shorts Vol. 1 (2004)
Filmes Caseiros Vol. 1 (2004)

PARTICIPAÇÃO EM DOCUMENTÁRIOS:
Baiestorf: Filmes de Sangueira e Mulher Pelada (de Christian Caselli, 2004)
Petter Baiestorf Em Campinas (de Célia Harumi, 2006)
Sangue Marginal - Relatos de Cinema e Vídeo Underground (de Marco Antonio Vaz de Oliveira Filho, 2009)
Dona Oldina: A Fernanda Montenegro Trash (de Marie Pergufel, 2011)

ATOR:
Lua Perversa, de André Bozzetto Junior – curta de 2010 (como um bebum local)
Lua Perversa: A Série – websérie de 2011 (como o boêmio Jones)
A Noite do Chupacabras, de Rodrigo Aragão – longa de 2011 (como Ivan Carvalho)
Mar Negro, de Rodrigo Aragão – longa de 2013 (em produção)

FANZINES:
Arghhh (1992-2002)
Necrofília (1993)
Clássicos Canibal (1994)
Brazilian Trash Cinema (2000-2002)
Urtiga (2004-2005)

LIVROS:
Manifesto Canibal (2004) escrito por Petter Baiestorf & Coffin Souza

SCREAM QUEEN DATABASE - DENISE V

Denise Vargas (conhecida no meio alternativo como Denise V ou Diabla da Freeway) teve seu glamour nos anos 90 participando de diversas filmagens do circuito alternativo de horror SOV (shot on video) da época. Atriz e poetisa, encantava os cavalões do udigrúdi com seus trejeitos de dominatrix, seu corpo tatuado e seios fartos.

Como atriz e scream queen, a “Diabla da Freeway” participou de várias produções de pequenas “empresas” alternativas pelo país, como a finada Daddy Inc. S/A (SP), a Canibal Mabuse (SC) e a Corvo Produções, de Mauá (SP) onde acabaria se tornando a Musa Inspiradora de quase todas as produções do diretor Marcos T. R. Almeida. Entre seus personagens mais conhecidos estão a sequestradora Naja do curta Blerghhh! (1996), a mocinha indefesa que foge com o namorado alucinado de uma horda (pero no mucho!) de zumbis no filme Zombio (1999), a esposa ideal do teenage deformado João do Feto Morto do tromático filme de estréia da Black Vomit, Feto Morto (2003) e como a condessa Elisabeth Bathory no filme da Corvo Produções.

Cenas de Bondage (nas laterais) e Condessa Bathory (no centro)

O longa-metragem Condessa Bathory narrava a história da condessa húngara e seus estranhos hábitos de embelezamento. Apesar da atuação um tanto mambembe do elenco a produção ousou bastante na criação do clima da história reproduzindo tanto as aptidões lésbicas da condessa quanto os banhos de sangue desta que, de acordo com a lenda se utilizava dos conselhos de uma feiticeira que dizia que banhos freqüentes com o sangue de jovens donzelas prolongariam sua beleza.

Cenas de Zombio

Denise V encarou muito bem os obstáculos da produção encarnando com maestria a cruel “vampira”. Denise não teve problemas em protagonizar sensuais cenas de luxúria com suas concubinas e seus banhos de sangue. Aos que desconhecem o trabalho deste videomaker digo de passagem que nudez e cenas extravagantes protagonizadas por Denise V e Mara Audibert eram frequentes nas filmagens da Corvo Prod. Outro ponto positivo da produção foi a cena do calabouço, onde o corcunda Torko torturava as jovens para adquirir o sangue necessário aos banhos da “patroa”.

Cenas de Revide ao Entardecer

Cenas de Ritual do Delírio

Infelizmente, o filme Condessa Bathory teve uma distribuição bastante obscurecida. Fora as exibições em pequenos cineclubes alternativos de Mauá, foi exibido apenas uma vez na Capital, mais precisamente no Cinefantasy com curadoria de Renato Rosatti e do site Boca do Inferno tornando-se assim uma das peças esquecidas do cinema VHS da década de 90.

FILMOGRAFIA

Blerghhh! - 1996

Bondage: O Prazer da Submissão – 1996

Bondage I I: Amarre-me Gordo Escroto – 1997

Nocturnus - 1998

Zombio – 1999

Condessa Bathory – 2003

Ritual do Delírio – 2003

Revanche ao Entardecer – 2003

Feto Morto – 2003