Há quanto tempo existe o seu interesse pelo horror? Ele sempre foi uma meta profissional?
R: O interesse surgiu de
forma bem lúdica porque meu pai era mágico e dono de cinema. Eu brincava
de modelar monstros com uma massinha de água e farinha de trigo, na
primeira oportunidade roubei o estojo de maquiagem da minha mãe. Mas foi
quando assisti ao making off de O Imperio Contra Ataca, com 08 anos é
que eu soube o que queria ser quando crescesse. A brincadeira mudou de
tom e virou trabalho aos 16 ou 17 anos quando fui convidado para ser o
responsável dos Efeitos Especiais de um curta metragem.
Como
é a aceitação dos seus projetos na comunidade onde mora? Já ocorreram
fatos engraçados no momento da produção de algum dos seus filmes?

R: Moro numa pequena aldeia
de pescadores. Desde pequeno venho “catequizando” meus vizinhos nesta
ciência monstrológica, rsrsrsr. Já assustei todas as minhas tias e as
tias dos meus amigos, no final todo mundo acaba rindo. Quando estávamos
gravando Mangue Negro teve uma situação bem engraçada, íamos para o set a
pé e de repente começou a juntar gente, crianças gritando e aquela
confusão, quando olhei pra trás entendi: éramos uma promissão de zumbis,
parecia o Zombie Walk de Perocão (ES).
Todos os seus personagens são muito bem articulados. Existe muita pesquisa de campo ou isso já é um dom que te acompanha desde os espetáculos itinerantes?
Todos os seus personagens são muito bem articulados. Existe muita pesquisa de campo ou isso já é um dom que te acompanha desde os espetáculos itinerantes?
R: A rua da minha casa é um
ótimo lugar para fazer pesquisa de campo. Temos umas figuras típicas
que são muito interessantes, literalmente personagens. Mas ganhei uma
experiência considerável viajando com o Mausoleum, um espetáculo de
teatro de terror itinerante.
Como é produzir filmes de gênero (e de forma independente) no Brasil?
Como é produzir filmes de gênero (e de forma independente) no Brasil?

R: Muito difícil. A
iniciativa, salve o Mojica, é relativamente nova no Brasil, mas os fãs
do gênero são fiéis e maravilhosos. Eles estão no mundo inteiro. Tenho
muita fé no futuro porque a cada ano aparecem mais jovens realizadores
interessados no terror e isso é muito bom.
E no exterior? Como estão sendo vistos os seus trabalhos?
E no exterior? Como estão sendo vistos os seus trabalhos?
R: Filme de terror
brasileiro desperta muita curiosidade no resto do mundo, é como se fosse
um diferencial. Mercado estrangeiro tem uma entrada melhor do que o
mercado nacional. Mas tudo indica que há uma boa abertura para o nosso
trabalho. Mangue Negro fez um excelente circuito e abriu portas. Estou
otimista.
Quanto foi o custo de produção do seu mais novo trabalho, “A Noite do Chupacabras” e quando poderemos assisti-lo aqui em São Paulo?
Quanto foi o custo de produção do seu mais novo trabalho, “A Noite do Chupacabras” e quando poderemos assisti-lo aqui em São Paulo?
R: Mais ou menos uns 200 mil. Estaremos em São Paulo no mês de novembro para o CineFantasy
A
fotografia e as locações do longa são incríveis. Tudo se encontrava a
mão como nas filmagens de “Mangue Negro” ou outros locais foram
necessários para locação?

R: A natureza fez um belo
trabalho com cachoeiras, montanhas e Mata Atlântica, rsrsrsrs. O
Espirito Santo é maravilhoso. Filmamos quase tudo na zona rural de
Guarapari, nos sítios da minha família mesmo, isso facilitou bastante.
Um dia em Matilde, Alfredo Chaves. Mas tivemos uma grande dificuldade
com as externa para iluminar o breu da Mata.
Li em algumas resenhas sobre a incrível atuação dos atores nesta produção. Todos têm uma formação artística ou são apenas amantes alucinados do cinema?
Li em algumas resenhas sobre a incrível atuação dos atores nesta produção. Todos têm uma formação artística ou são apenas amantes alucinados do cinema?
R: Estamos muito felizes com a elogiosa interpretação do
elenco, que estava bem entrosado e todo mundo empolgado com o projeto.
Os atores que não receberam educação regular em artes cênicas se
formaram no set de filmagem, na minha opinião a melhor escola.
Como foi trabalhar com figuras tarimbadas como Petter Baiestorf, Joel Caetano e Cristian Verardi?
Como foi trabalhar com figuras tarimbadas como Petter Baiestorf, Joel Caetano e Cristian Verardi?
R: Uma grande satisfação e
muitas gargalhadas. Os três são realizadores, militantes do cinema de
baixo orçamento e contribuíram não somente com as interpretações, mas
com toda a produção de modo geral. Foram divertidíssimos os banhos de
sangue, acompanhar a relutância do Petter em deixar o Ivan morrer,
descobrir o potencial cômico do Joel nos bastidores e assistir o
“prazer” do Cristian degustando um suculento fígado, rsrsrssr.
A questão ambiental é sempre abordada em seus trabalhos. Você acredita que suas histórias mesmo sendo extremamente sangrentas podem conscientizar os espectadores sobre como a degradação do planeta pode se tornar o verdadeiro monstro e vilão?
A questão ambiental é sempre abordada em seus trabalhos. Você acredita que suas histórias mesmo sendo extremamente sangrentas podem conscientizar os espectadores sobre como a degradação do planeta pode se tornar o verdadeiro monstro e vilão?

R: Moro num lugar
maravilhoso, o braço do manguezal passa nos fundos do meu quintal e na
varanda da minha casa eu vejo o mar. Cresci acostumado com os cavalos
marinhos, mas hoje em dia eu não os vejo mais, só vejo a sistemática
destruição ambiental. Diante disso, pra mim é impossível não falar desse
assunto nos meus filmes, porque convivo com essa questão desde que
nasci.
Por isso fiquei muito feliz ao ver no jornal de maior circulação do meu Estado (Atribuna, 09/09/10), Mangue Negro na lista de “Filmes que ajudam candidatos ao Enem”, saber que os estrangeiros ficam deslumbrados e ao mesmo tempo em dificuldades para traduzir o significado de, não apenas uma palavra, mas um ecossistema desconhecido para eles, “mangue” é incrível.
A trilha sonora de “A Noite do Chupacabras” está estupenda. Como funcionou a elaboração do fundo musical para o filme?
Por isso fiquei muito feliz ao ver no jornal de maior circulação do meu Estado (Atribuna, 09/09/10), Mangue Negro na lista de “Filmes que ajudam candidatos ao Enem”, saber que os estrangeiros ficam deslumbrados e ao mesmo tempo em dificuldades para traduzir o significado de, não apenas uma palavra, mas um ecossistema desconhecido para eles, “mangue” é incrível.
A trilha sonora de “A Noite do Chupacabras” está estupenda. Como funcionou a elaboração do fundo musical para o filme?
R: Por causa do impacto da
trilha de Mangue Negro, com as composições do meu saudoso amigo o
maestro Jaceguay Lins, precisava de algo genial que fosse a altura. E os
resultados já começaram a aparecer: a nossa trilha sonora foi
homenageada com uma Menção Especial no Festival Fixion Sars - Santiago,
Chile. Trabalhamos em parceria com todas as bandas, Pé do Lixo (ES),
Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (ES), Grupo Manguerê (ES) e Vida
Seca (GO).
Como vimos nos casos de Srdjan Spasojevic (A Serbian Film), Tom Six (The
Human Centipede 2) e Remy Couture
(Inner Depravity) o gênero horror está sendo alvo de muita censura
nestes últimos anos. Você já sofreu algum tipo de represaria sobre suas
produções?
Como vimos nos casos de Srdjan Spasojevic (A Serbian Film), Tom Six (The

R: Sofremos uma censura na
China, mas no caso do Brasil especificamente, penso que de modo geral,
estamos mais intolerante e por consequencia mais violentos. A geração
pós ditadura, não sabe o que é realmente um regime ditatorial, me parece
ter bastante dificuldade em conviver pacificamente com as diferenças.
Isso é muito perigoso. Nós devemos nos preocupar com isso sim.
Foi incrível ter a oportunidade de entrevistá-lo. Deixe uma mensagem para todos aqueles que ainda acreditam que o Brasil ainda tem muita força pra assustar na sétima arte.
R: Acho que o principio de
tudo é você realmente acreditar nos seus sonhos. Apostar no seu projeto.
Porque se você, que é o maior interessado no assunto, não fizer isso,
com certeza não vai conseguir convencer ninguém. E não se deixe
intimidar pelas dificuldades. Assuma responsabilidades, esteja preparado
pra correr alguns riscos e siga os ideais.
Saiba mais sobre Rodrigo e a Fábulas Negras clicando aqui.
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