sexta-feira, 8 de março de 2013

ENTREVISTA: André Honey, do projeto Cine Horror


Qual a motivação para criar o Projeto CINEHORROR e quantos membros o próprio possue? 
R: Sempre tive o grande sonho de conseguir um espaço para exibir o outro lado do cinema em público e de quebra reunir esse pessoal freak que só se conhece por orkut. O Cinehorror nasceu com um só organizador. Da primeira edição eu dei conta sozinho, da segunda nem tanto, da terceira me fugiu totalmente o controle, que me levou a organizar um coletivo que hoje deve ter 5 membros contando comigo.

Já faz tempo que você tem essa empatia com o cinema alternativo ou foi uma daquelas "erupções espontâneas" de criatividade? 
R: Eu sempre gostei de cinema horror. Dediquei boa parte do tempo à maioria dos clássicos e ao horror de cinema. Com o tempo ouvi falar de Cannibal Holocaust, que me levou ao circuito exploitation italiano e que me levou ao Toxic Avenger. Quando cheguei no Toxic Avenger não podia mais passar perto de filmes normais, e viva o cinema feito com mais culhões do que com grana! Minha vida seria bem mais chata e menos inspirada se eu não conhecesse Lloyd Kaufman, Jess Franco, Russ Meyer e tantos outros.

O Espaço Impróprio sempre foi um lugar para expôr o underground em todas as suas vertentes ou houve alguma "conversação" para encaixar o seu projeto? 
R: O Espaço Impróprio é underground antes mesmo de qualquer esboço de Cinehorror. O pessoal de lá é bastante libertário, eles têm uma cabeça muito aberta. Lá sempre rolou shows e eventos do submundo, eles ensaiavam uma idéia de cinema livre que ainda estava engatinhando. Quando eu cheguei com o meu projeto, fizemos a parceria perfeita.

Uma coisa que notei no local foi a total harmonia do trash-gore com o movimento vegan. Sempre foi assim ou já surgiram algumas discussões entre os grupos? 
R: Nunca surgiu nenhum tipo de discussão, até porque, não tem nem motivo pra isso. Se você for vegan ou mesmo que não seja, mas estiver aconchegado, come o rango de lá, que é gostoso pra caralho! Se não quiser comer rango vegan, é só sair e comer um espetinho de rua na Augusta, é pertinho, não tem nenhum conflito. As vezes tem um ou outro que fala merda por alto, mas se algum cabeça-de-bagre levantasse esta questão pra valer, mereceria um esculacho.

Você já trabalhou a idéia de exibir um pouco do que rola no cinema-gore underground anteriormente ou o Espaço Impróprio foi o seu "debut"? 
R: Foi como eu disse antes, sempre quis exibir as bagaceiras em público, mas só conseguia fazer pequenas sessões regadas à cerveja e sangreira na minha casa. O legal, algo que eu não tinha imaginado, é que as sessões são como as que eu fazia em casa, só que agora tem muito mais sangreira, muito mais cerveja e muito mais gente!

Existe a possibilidade de transformar o CINEHORROR em algo mais amplo ou "em time que está ganhando não se mexe"? 
R: Existe e inclusive quero que isso aconteça, só precisa estruturar mais a coisa toda. Ainda estamos engatinhando, talvez o Cinehorror continue igual, mas quem sabe eu, ou qualquer pessoa impulsionada por este recomeço, não decida fazer algo maior?

Nos fale sobre os pontos altos e baixos do projeto até agora? Como é administrar uma coisa que, na verdade, você gostaria de estar participando? 
R: O ponto alto do Cinehorror é o acesso a raridades do cinema e a pessoas que gostam das mesmas coisas que você, tudo num espírito de liberdade atípico. O ponto baixo é a estrutura, sai legal, mas não do jeito que eu realmente queria, muita coisa tem de ser improvisada por falta de grana. Administrar o evento é maravilhoso, porque é tudo na verdade uma grande festa, com gente fumando charuto, bebendo cerveja, dando risadas e etc. Foi por querer participar da festa e precisar dar suporte para que o evento role como programado ao mesmo tempo, que eu organizei o coletivo, porque em festa eu não costumo ser um exemplo a seguir.

E falando em pontos baixos...Como foi recebida a intervenção da Polícia Militar no CINEHORROR 3? Figuras conhecidas como Liz Vamp e Rubens Mello ainda estavam presentes no local? 
R: Eu não vou dar nenhum discurso anti-polícia porque é foda, mas é claro que os gambés foram muito mal recebidos. Não houve nem a possibilidade de fazermos acordo, a vizinhança acionou a polícia por causa do barulho, e os caras apareceram pra foder mesmo. Ou fechava a casa, ou pagava uma indenização de 25 mil pilas! Liz e Rubens ainda estavam por lá, tanto que fizeram de tudo pra tentar um acordo, mas não houve. Lamentável, mas já é página virada.

Falemos agora de Peter Baiestorf...como foi trabalhar com essa figura que possue a fama de ser temperamental e expontânea ao extremo? 
R: É muito foda trabalhar com um cara que você admira. Se falasse sobre, acabaria lambendo o saco pra caralho e nem perceberia! O Petter é um cara genial, uma figura que inspira muitas coisas com a garra que tem. Com certeza trabalharemos juntos novamente.

Além de exibir e promover bandas, curtas e longas do circuito alternativo você se dedica a outros exercícios? 
R: Eu sempre tive bandas que vão aos trancos e barrancos e agora estou começando a realizar o meu primeiro filme. Precisa ter uma determinação forte pra não largar tudo. O preconceito é grande, a viabilidade financeira também. Todos que mexem com cultura underground, seja música, cinema, desenho ou qualquer coisa, precisa ser não é nem guerreiro, é guerrilheiro!

Qual é a meta original do CINEHORROR? 
R: É levar ao público o cinema obscuro num clima descontraído, sem aquele ar blasé.

Obrigado por dispensar o seu tempo para ceder esta entrevista e quero que saiba que o Suburbia Horror Show estará aberto para qualquer projeto, ok? 
R: Meu tempo foi muito bem aproveitado, fico feliz em ter este espaço pra falar do projeto e fico ainda mais feliz em saber que tem gente interessada e lutando por este submundo da cultura do qual fazemos parte. Muita força pra vocês, gostei pra caralho! Obrigado.

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